sexta-feira, 3 de março de 2017

Família doa acervo do historiador Nico Vidal que será homenageado ao nomear logradouro público

Ronei de Carvalho, Leonardo Ciacci e Dr. Alfredo de Carvalho. In box: Nico Vidal
  Na edição impressa do nosso periódico, que entra hoje em circulação, documentamos o enriquecimento dos arquivos do nosso patrimônio cultural que recebeu o acervo do historiador e ativista político, o Sr. Antônio Vidal de Carvalho, ou simplesmente, Nico Vidal, como sempre gostou de ser chamado.
  O Museu Municipal acaba de receber a doação do acervo que foi que foi entregue pelos filhos Roney, Mariangela e Celeste, esta última, casada com Abel, com quem Nico dividiu seu escritório de contabilidade por 45 anos.
  Conhecido como o “homem que carregava a história”, por ser o dono do maior acervo particular de fotos da cidade Nico Vidal faleceu aos 99 anos, em janeiro de 2011, deixando centenas de fotos históricas, documentos e jornais que datam do século 19. Todo esse acervo foi cuidadosamente guardado pelos descendentes, ficando a grande maioria em posse cuidadosa do filho Roney.  Seis anos após o falecimento de Nico, os filhos decidiram então doar o patrimônio ao Museu Municipal, para que fosse preservado e ficasse ao alcance de todo o público.           
  Além de apaixonado pela história, Nico Vidal foi tipógrafo no Jornal Arauto do Sul, contador, escritor e político - candidato a prefeito e vereador eleito na Câmara Municipal. Nasceu em 28 de novembro de 1911, sendo filho de Alfredo Braga Carvalho e de Maria Vidal de Carvalho, casado com Maria José Salles de Carvalho com que teve 9 filhos, netos, bisnetos e 1 tetraneta.
 Todo o acervo será cuidadosamente catalogado por uma equipe especializada da Fundação Cultural de Varginha e posteriormente exposto, de forma alternada, ao público, na principal sala do Museu Municipal, que receberá o nome de “Sala Nico Vidal”.
  De acordo com o diretor da Fundação Cultural, Leandro Acayaba, “recebemos um verdadeiro tesouro. É uma das maiores e mais importantes doações que o Museu de Varginha já recebeu, pois são fotos, jornais e documentos únicos e, em sua grande parte, inéditos para os estudantes e historiadores de Varginha e sua redescoberta poderá acrescentar fatos e inúmeras informações para a história de Varginha, até então desconhecidas do público em geral”.
   Na mesma semana, atendendo unanimemente a indicação do vereador Leonardo Vinhas Ciacci, a Câmara Municipal, através de decreto de lei, resolveu perpetuar na história do município a memória do ilustre cidadão, nomeando logradouro público municipal Av. Nico Vidal.
  Estiveram presentes à cerimônia, dois de seus filhos, Ronei e Alfredo de Carvalho que na ocasião receberam os cumprimentos dos vereadores e demais presentes.
  Eu pessoalmente, tive o prazer de conhecer o Sr. Nico quando tinha por volta de 12 anos de idade, me lembro bem de quando o vi pela primeira vez, estava em sua mesa, debruçado sobre a besuntada máquina de escrever... pensei que ele nem tinha notado o menino que acabava de entrar na sala do escritório que ficava na ali rua Delfim Moreira, pertinho da Casa Tigre... idos, anos 70; percebi que estava completamente enganado quando ele perguntou ao seu filho, de nome Lourenço, que datilografava na mesa ao lado e era a quem meu pai me incumbiu de encontrar pra efetuar um pagamento de honorários.
- “Quem é esse ai, Lourenço?”
Ao que o jovem respondeu: 
- “É filho do Toninho Lopes... da Dona Júlia, pai.
Terminou ai o diálogo entre os dois, não antes dele ter me atravessado com um olhar pré corretivo... foi como se ele tivesse me dito: “não toque em nada aqui... hein moleque... em nadinha mesmo... principalmente nas fotos"!
- Quando a gente é criança, parece que sente quando algum fato, lugar ou pessoa é importante na história, né?     E naquele lugar eu sentia isso, só não sabia o que era, mas, sentia...
  Talvez fosse porquê naquele tempo as fotografias eram extremamente raras e haviam várias delas naquele lugar, pendiam dependuradas em pregos nas paredes... e já eram antigas aquelas imagens... percebia-se facilmente que eram guardadas com extremo zelo, o que não impediu a corrosão causada pelo tempo.
  E logo eu que até então, só me lembrava de ter visto um fotógrafo... foi um tal de “lambe-lambe” que apareceu na praça da fonte num domingo e fotografou quase que a cidade inteira... saudosismos!