As terapias psicológicas já fazem parte do cotidiano da sociedade ocidental. Há uma profusão de clínicas, consultórios e profissionais especializados em tratar da saúde mental das pessoas.
Apesar dessa proliferação de terapeutas ser um indício de que a
sociedade anda meio desequilibrada emocionalmente, não se pode ignorar
que, pontualmente, elas têm ajudado as pessoas. Os relatos disso
abundam. No entanto, também não se pode fechar os olhos para os perigos
que a psicologia, principalmente quando
transformada em cultura, pode acarretar.
O psiquiatra Theodore Dalrymple, em seu livro “Evasivas Admiráveis: como a psicologia subverte a moralidade”, faz uma crítica bastante ampla e ácida aos métodos, soluções e resutados que a Psicologia e a Psiquiatria oferecem. Porém , logo no início, ele direciona sua atenção à psicanálise freudiana, afirmando que ela estimula o rastreio obsessivo dos motivos inconscientes, o que geraria um hábito terrível e de foco empobrecido de olhar demasiadamente para dentro de si mesmo, fazendo do mundo do paciente” um infinito regresso de símbolos, um labirinto, uma sala de espelhos em que as imagens dele mesmo se estendem na confinada infinitude da sua câmara espelhada”.
Oanalisando seria alguém viciado em voltar-se ininterruptamente para seu próprio ego, o que geraria nele tanto trivialidade, por colocar em um fosso comum todos os motivos inconscientes, como paranoia, ao levá-lo a buscar significados ocultos em tudo, passando, por isso, a desconfiar de tudo.
Por isso, o autor conclui que, em um mundo onde a Psicanálise se estabelece como cultura, a atenção volta-se para si, num interminável “falar de si mesmo”, como se dá nas clínicas psicológicas e psicanálíticas. Portanto, se nossa sociedade caracteriza-se por uma autocentralização egoística, para Dalrymple, isto seria muito devido à cultura psicanalítica que se estabeleceu nela.
Obviamente, uma sociedade onde prevalecem o egoísmo e a desconfiança não pode se sustentar. Nossa sorte, segundo Dalrymple, é que a Psicanálise se trata de uma idéia recente, pois se ela “tivesse sido inventada pelos homens das cavernas, a humanidade ainda moraria nas cavernas”.