Há exatamente um ano uma turba, sob o olhar complacente das
forças de segurança, invadiu e depredou as sedes dos Três Poderes, em
Brasília, no mais grave ataque às instituições democráticas brasileiras
desde que os militares deixaram o poder, em março de 1985. Para muitos,
inclusive integrantes dos próprios Poderes, foi uma tentativa abortada
de golpe de Estado, cujos mentores e financiadores ainda precisam ser
levados à Justiça. Numa reportagem especial, Luciana Lima, cá deste Meio,
nos mostra as implicações dos ataques sobre o país. “Foi o governo
iniciado da forma mais turbulenta possível”, diz o cientista político
Jorge Ramos Mizael, lembrando que a divisão política intensa dentro da
sociedade permanece. Mas, para a ministra do Planejamento, Simone Tebet,
o saldo é positivo. “Hoje nós temos que comemorar a estabilidade
política e institucional no Brasil”, afirmou. (Meio)
O primeiro ano da tentativa de golpe vai ser marcado por cerimônias em defesa da democracia
em Brasília. Os atos vão começar no STF às 14h, com a abertura de uma
exposição das peças do tribunal danificadas pelos golpistas. Uma hora
depois, uma sessão solene no Congresso vai reunir os Três Poderes, com a
discursos dos presidentes da República, Luiz Inácio Lula da Silva; do
Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); e do STF, Luiz Roberto Barroso, e a
presença de autoridades como ministros e dos comandantes militares.
(Metrópoles)
Mas uma ausência se fará sentir. Segundo o Painel, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), alegou problemas de saúde na família e cancelou a participação na solenidade, onde também deveria discursar. (Folha)
Convidados, oito governadores de partidos de oposição já avisaram que não comparecerão,
incluindo o de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Cláudio
Castro (PL), do Rio, e Romeu Zema (Novo), de Minas, também identificados
com o bolsonarismo, não responderam. Já Eduardo Leite (PSDB) foi o
único governador da Região Sul a confirmar a presença. (Poder360)
Embora a ausência dos governadores de direita aos eventos de Brasília ressalte a divisão no país, o repúdio à tentativa de golpe segue generalizado,
aponta pesquisa divulgada ontem pela Genial/Quaest. De acordo com os
dados, 89% dos entrevistados condenam os ataques de 8 de janeiro. Mas
isso representa um recuo em relação aos 94% registrados em fevereiro do
ano passado. Mesmo entre os eleitores de Jair Bolsonaro (PL), a
desaprovação chega a 85%. (UOL)
Nos bastidores, os militares temem que o ato de hoje em Brasília reacenda
críticas à politização da caserna durante o governo Bolsonaro. Os
comandantes das três Armas pensaram em não comparecer, deixando o
ministro da Defesa, José Múcio, representá-los. (Folha)
Luís Roberto Barroso, presidente do STF: “Embora impressentido, o ataque foi longamente articulado.
Começou com a tentativa de desacreditar as instituições, com ofensas a
seus integrantes e ameaças de desobediência aos comandos
constitucionais. Depois avançou com campanhas de desinformação,
discursos de ódio, mentiras deliberadas e teorias conspiratórias.
Tanques desfilaram indevidamente na Praça dos Três Poderes. O fracasso
da tentativa de golpe de Estado não minimiza a sua gravidade.
Precisamos, é certo, virar a página. Mas não arrancá-la do livro da
história.” (Folha)
Barrados no baile
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