Auditoria da Agência Nacional de Mineração (ANM) atestou falta de dados e
documentos técnicos em duas barragens localizadas na cidade de Caldas.
A tragédia ocorrida em Brumadinho, na região metropolitana de
Belo Horizonte, joga luz sobre um setor econômico que envolve enormes
riscos ambientais e humanos, a mineração. A exploração em larga escala do
minério, embora altamente rentável, requer rígidos padrões de controle de
riscos e mitigação de danos ambientais.
Mas novas evidências de que estas práticas são negligenciadas continuam a
surgir. Algumas delas vêm à tona no Sul de Minas.
Reportagem da emissora EPTV mostrou na noite desta segunda (28) que duas
barragens localizadas no município de Caldas, a 82 quilômetro de Pouso Alegre,
não possuem qualquer garantia de segurança da Agência Nacional de Mineração
(ANM).
As estruturas de represamento de rejeitos do minério explorado na cidade
são de responsabilidade das Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e está no
cadastro da Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM).
Em todo o estado, há pelo menos 698 barragens com cadastro na FEAM. Destas,
45 estão distribuídas por sete cidades do Sul de Minas. Cabe à ANM auditar e
determinar se as estruturas estão em boas condições de segurança ou se
apresentam algum risco.
O município da região com maior número de barragens é Poços de Caldas. Onde
estão abrigadas nada menos que 17 delas. Em seguida, estão Guaranésia,
Nazareno, Passos e São Tiago, com seis cada uma, e Fortaleza de Minas, com 2.
Estas, porém, tiveram atestado positivo da ANM.
INB admite que só tomou providências após reportagem na imprensa
Se faltam adjetivos para traduzir a cena de horror em Brumadinho, a repetir
Mariana três anos depois, a consternação fica maior ao saber que as empresas
responsáveis por garantir a segurança de estruturas com alto potencial de
destruição ambiental e humana adotam medidas reativas de segurança, às vezes
pautada pela imprensa. Como revelou a INB nesta segunda.
"A INB informou que após uma reportagem veiculada no Jornal Nacional,
em 2016, contratou a consultoria da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
para fazer uma análise de dados da barragem de rejeitos, inclusive sobre a
estabilidade", diz um trecho da reportagem.
A empresa, porém, garante que "toda área de responsabilidade da
empresa não oferece riscos ao trabalhador, ao meio ambiente e às comunidades
vizinhas à unidade", prossegue a reportagem.
Segundo a INB, o laudo feito pela UFOP apontou a necessidade de desativar o
sistema de captação da água do reservatório até a estação de tratamento e
substitui-lo por um novo. O serviço teria sido contratado em caráter
emergencial em dezembro de 2018. As obras têm previsão de término para junho de
2019.
A INB
A INB (Indústrias Nucleares do Brasil) é uma empresa brasileira de economia
mista (com capital estatal e privado). Ela está vinculada à Comissão Nacional
de Energia Nuclear - (CNEN), que, atualmente, responde ao Ministério da
Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.
Dê: RM/24