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01/mar/2024
Veto ao analgésico utilizado para o tratamento de dor e febre foi motivado por um possível efeito colateral grave da medicação
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) realizou um evento sobre a segurança da dipirona em 2001, concluindo que "a eficácia da dipirona como analgésico e antitérmico é inquestionável e que os riscos associados ao seu uso em nossa população são baixos e semelhantes, ou até menores, do que os de outros analgésicos e antitérmicos disponíveis no mercado".
Outra pesquisa realizada em Israel, envolvendo 390 mil indivíduos, constatou um risco de apenas 0,0007% de desenvolver essa complicação e um risco ainda menor, de 0,0002%, de morte decorrente desse evento adverso.
O Estudo Boston, conduzido em oito países - Israel, Alemanha, Itália, Hungria, Espanha, Bulgária e Suécia - envolvendo mais de 22 milhões de pessoas, mostrou uma frequência muito baixa de casos de agranulocitose entre os usuários de dipirona: apenas 1,1 caso para cada 1 milhão de indivíduos.
No entanto, a partir dos anos 1980, novas evidências sobre a segurança da dipirona começaram a surgir.
Com base nesse estudo e em outras evidências da época, a FDA, a agência reguladora de medicamentos nos Estados Unidos, decidiu pela retirada da dipirona do mercado americano em 1977. Logo em seguida, Austrália, Japão, Reino Unido e partes da União Europeia seguiram a mesma decisão.
No entanto, um estudo publicado em 1964 revelou que a agranulocitose ocorria em cerca de um em cada 127 indivíduos que consumiam a aminopirina, uma substância com uma estrutura química semelhante à da dipirona. Isso levou os pesquisadores a não fazerem distinção entre as duas moléculas, assumindo que os dados obtidos para a aminopirina se aplicariam também à dipirona.
A dipirona é um dos analgésicos e antipiréticos mais amplamente utilizados no Brasil para o alívio de dores e febres. Surpreendentemente, nos Estados Unidos e em alguns países da União Europeia, este medicamento é proibido. Essa proibição foi motivada por um possível efeito colateral grave conhecido como agranulocitose, uma condição séria e potencialmente fatal que causa uma redução significativa na quantidade de certos tipos de células de defesa no sangue. Até meados dos anos 1960 e 1970, a dipirona estava disponível em muitas partes do mundo.